Alessandro Turra, vocalista da Banda Brilha Som, fala sobre as iniciativas para atenuar o impacto da suspensão de shows
Igor Mallmann
O trabalho e o sustento dos artistas - e das bandas em especial - depende de grandes públicos reunidos. Por isso, as bandas de baile do sul do Brasil têm passado por meses difíceis durante a pandemia, sem faturamento ou previsão de retorno ao trabalho. Em entrevista ao portal Serra Cult, o vocalista da Banda Brilha Som, Alessandro Turra, conta que o grupo tem apostado em lives semanais em formato acústico para se manter em contato co os fãs.
Para se ter uma ideia do impacto da pandemia, basta dizer que Brilha Som tinha uma média de 25 apresentações por mês. "O pior de tudo não é o fato de a banda estar zerada, mas estar sem receber e ainda tendo que arcar com custos", afirma Turra. Segundo ele, o caixa que a banda possuía se diluiu com o passar dos meses. A falta de perspectiva de volta também é um problema. "Muitas bandas amigas nossas fecharam as portas e só vão abrir novamente com a volta dos bailes", destaca o vocalista.
O músico, porém, ressalta que a banda têm consciência dos riscos da Covid-19 e que a realização de bailes antes da vacinação da população é inviável. "É claro que a gente não é negacionista, sabemos que tem um vírus por aí. No baile, as pessoas interagem, dançam - essa é a graça. Então, como vai fazer baile assim? Vamos contaminar todo mundo? Não tem condições", argumenta Turra.
"Por outro lado, temos muitas pessoas que dependem de nós para seu sustento - os músicos, equipe. E como fica isso?", questiona o vocalista e sócio da banda. Ele também analisa que a cultura criada com a realização de lives tem perdido força e participação. "Quando as pessoas veem uma live com vários patrocinadores imaginam que a banda tirou dinheiro pro ano inteiro. Mas na realidade muitas vezes esse dinheiro que entra dá apenas para pagar os custos da própria live", esclarece Turra, destacando que a maior importância das lives é no sentido da solidariedade às instituições beneficiadas.
Lives semanais
Para manter contato próximo com os fãs, a banda está fazendo transmissões ao vido toda semana. "Eu poderia me revoltar e dizer que não ia mais cantar até voltarem os bailes, mas o nosso público não tem culpa da pandemia. Então, toda quarta-feira, às 20h em ponto, eu e mais dois músicos da banda transmitimos a live acústica, algo enxuto, dentro dos protocolos, mas marcando nossa presença", explica Turra. Ele acredita que esse empenho em um momento difícil certamente será lembrado pelos fãs.
Outro ponto destacado por Alessandro é o sucesso das músicas do DVD de 30 anos da banda, que foram divulgadas pelo YouTube. A versão das clássicas A Lua e a Noite e Querida Amiga gravadas no ano passado já rondam a marca de um milhão de visualização.
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