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A maioridade - Por Pietro Rutzen

Coluna sobre temas filosóficos

 
Arte por João Victor Graziola

Por Pietro Rutzen


Me sinto impulsionado a compartilhar sobre a maioridade. Nesse caso, não a maioridade legal, apesar de simbolizar para muitos a entrada para uma vida adulta. Pensando na maioridade legal, observamos que certamente temos crianças legalmente maiores e adultos considerados menores no nível de legislação.


Falo de maioridade (esclarecimento) como trazido por Immanuel Kant (1724-1804), um dos mais relevantes filósofos da história.


De acordo com Kant, no início do nosso desenvolvimento como seres humanos nos encontramos em um estado de menoridade: a ajuda alheia nos é cara e automática. Família, instituições e todas as forças estabelecidas no mundo antes de nascermos nos proporcionam conforto e dissoluções de situações de maneira a nos isentar de grande esforço ou até mesmo dor.


Para uma criança, certamente faz sentido estar em menoridade. No entanto, a medida que o tempo passa, nota-se uma tendência de apego a uma mediocridade que espera covarde e constantemente a ajuda alheia em relação ao viver que deve ser superada.


A cada vez que nos entregamos para as muletas da razão e dogmas alheios, apesar de confortável na superfície, acabamos por reforçar a preguiça e uma postura de obediência cada vez mais intensamente cega que, sorrateira, nos rouba a liberdade.


A menoridade deve então ser superada onde quer que seja notada: na política, no trabalho, na comunidade. Longe de instigar revoltar-se irrefletidamente, Kant nos convida a Ousar Saber.


É na coragem de usar o próprio entendimento em conjunto com a liberdade humana é que enfim atingiríamos a maioridade, o esclarecimento. É usar do discernimento e conhecimento próprio para nortear a vida e ser arrastado de um lado para o outro por ideologias e dogmas.


"O despertar do sonho dogmático."


Assim vale a reflexão constante sobre como estamos agindo.


A descoberta da maioridade pode ser desoladora por vezes. Quando percebida na vida cotidiana é como acordar em meio a uma correnteza ou maré com apenas nossa liberdade e discernimento para navegarmos de volta à terra firme, onde podemos nos conduzir em acordo com nosso esclarecimento.


Contextualizado dessa forma, termino com uma citação mais Brasileira de um pensador mais contemporâneo:


"Camarão que dorme, a onda leva" - Zeca Pagodinho



 

Sobre o autor:

Meu nome é Pietro, sou estudante de Filosofia na UCS em Caxias do Sul. Trabalho também com tecnologia diariamente e encontro muita riqueza na intersecção entre as duas áreas. Para mim, a filosofia nos apresenta a possibilidade de moldar diferentes lentes para com as quais entender a realidade, trazendo também o poder de manter a mente disponível para novas ideias sem deixar de questionar e melhorar o mundo ao nosso redor.


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